Cada vez mais empresas pedem currículo em inglês aos candidatos a emprego. Veja 14 dicas para preparar o seu.
Renata Costa
Quer trabalhar no Google? O primeiro passo para se candidatar a um emprego lá é elaborar um bom currículo em inglês. “Cada candidato é entrevistado por várias pessoas e os CVs são encaminhados para nossa sede, nos Estados Unidos”, explica Felix Ximenes, diretor de comunicação e políticas públicas do Google. Como todo mundo sabe, dominar o inglês é fundamental para qualquer profissional, especialmente em TI. E muitas empresas deixam isso claro já no recrutamento, exigindo currículo nesse idioma. Em algumas casos, como o do Google, a exigência tem o propósito prático de permitir que o texto seja lido por executivos estrangeiros. Em outros, é uma forma de desestimular quem não domina o idioma e, portanto, não atende às exigências do cargo a ser preenchido. A INFO entrevistou consultores de RH na área de TI, que deram dicas de como montar seu currículo em inglês.
1 – Sempre alerta
Maria Paula Menezes, especialista em recrutamento da divisão de tecnologia da consultoria Robert Half defende que até os profissionais em início de carreira devem ter o seu CV em inglês sempre pronto para uso. “Mesmo que não seja fluente no idioma, vale à pena estar preparado”, diz ela.
2 – CV bilíngüe
A maioria dos especialistas diz que o currículo deve ser enviado em inglês apenas se a empresa pedir. Mas há quem discorde. André Assef diretor da Desix, empresa de recursos humanos para a área de TI, acredita que é melhor mandar sempre versões em português e inglês. “Isso demonstra que o profissional está preparado para um cargo fora do país ou para lidar com clientes estrangeiros” diz.”Há pouco tempo, selecionamos três candidatos com currículo impecável e a mesma competência técnica. Mas um deles mandou também o documento em inglês. O responsável pela contratação só selecionou esse candidato para a entrevista e ele ficou com a vaga”, conta Assef.
3 – Somente a verdade
A mentira mais comum que os recrutadores encontram nos currículos é a afirmação de que o candidato possui conhecimento de inglês superior ao que realmente tem. Não adianta. “Se, na entrevista, o empregador percebe que a pessoa mentiu, isso pode colocar em dúvida a honestidade dela”, diz Maria Paula Menezes, da Robert Half. Os níveis de conhecimento que podem ser especificados são quatro: básico, intermediário, avançado e fluente.
4 – Mostre empenho
Se o candidato tem inglês fraco, deve informar que está estudando e que tem objetivos definidos para dominar o idioma, diz André Assef. Ele dá um exemplo de como explicar no currículo: “Inglês: intermediário, curso em andamento e perspectiva de prestar o exame TOEFL em 2012”.
5 – Nível de inglês
Se você tem dúvidas sobre como descrever seu nível de inglês, Maria Paula Menezes, da Robert Half, dá a dica:
• Básico – pouca leitura, pouca escrita e nada de conversação.
• Intermediário – leitura e escrita regulares, conversa com dificuldade.
• Avançado – boa leitura, boa escrita e conversação razoável.
• Fluente – domínio perfeito do idioma.
6 – O básico primeiro
Os itens principais que precisam constar no currículo em inglês não diferem muito dos de um bom currículo em português. Além das competências técnicas e da formação, veja alguns itens essenciais:
• Nome, endereço, telefone e e-mail – Sempre no início.
• Objetivos – Escrever “colocação na área de TI” não resolve, afirma André Assef, da Desix. É preciso ser mais específico, dizendo, por exemplo: “arquiteto de soluções”.
• Áreas de negócio que conhece – Varejo, serviços etc.
• Empresas onde trabalhou – Coloque todas. Se não tiver desenvolvido nenhum projeto importante, apenas cite o nome da empresa e o período de atuação.
7 – Itens dispensáveis
Em geral, empresas estrangeiras preferem que o candidato não coloque itens como idade e estado civil. O Google recomenda que o candidato apenas informe seu sexo.
8 – Encolha o CV
Embora não haja número de páginas definido para o currículo, menos é mais. Cristiane Gonçalves, da KPMG, diz que os detalhes adicionais serão perguntados na entrevista. “O currículo só deve chegar a três páginas se o candidato for muito experiente ou tiver nível executivo”, afirma.
9 – Foco certo
O candidato deve dar ênfase às experiências profissionais para a vaga desejada. Os itens mais valorizados variam conforme a empresa. Companhias americanas, por exemplo, tendem a considerar as certificações obtidas pelo candidato, que devem ser listadas no início. “O recrutador quer saber se ele está pronto para o desafio. Então, forneça informações sobre isso”, diz Assef, da Desix.
10 – Estude a empresa
Examine o site da empresa à qual você vai mandar o currículo. Entenda o negócio dela, seu tamanho e suas características. Isso vai ajudar tanto na elaboração do currículo como numa eventual entrevista. Algumas empresas, como o Google, dão dicas em sua página de recrutamento. “Deixamos claro, ao candidato, o que levamos em consideração na seleção, como a média de notas da graduação e as experiências de trabalho”, explica Felix Ximenes.
11 – Que empresa é essa
Só nãoé necessário dar detalhes sobre uma empresa onde você trabalhou se ela for mundialmente conhecida. Senão, inclua uma linha descrevendo a atividade da companhia. Afinal, o empregador estrangeiro não tem a obrigação de conhecer empresas que atuam apenas no Brasil. Outra informação importante é o tipo de projeto de que o candidato participou na empresa.
12 – Seja impessoal
Não há regra, mas a maioria dos consultores prefere receber currículos descritivos. Evite conjugar verbos em primeira pessoa [realizei...] ou na terceira pessoa [desenvolveu...]. Escreva seu currículo da mesma maneira que faria uma proposta técnica.
13 – Tradutor traidor
Por mais avançados que sejam os tradutores online, jamais confie neles. “Se houver algum erro ou uma frase sem sentido, dificilmente o candidato será chamado para uma entrevista”, diz Cristiane Gonçalves, da KPMG.
14 – Revise, revise
Erros no texto são inadmissíveis. “Revise mil vezes”, salienta Cristiane Gonçalves. Ainda que você tenha contratado um tradutor para fazer seu currículo em inglês, leia com atenção e peça para mais alguém revisar.
TI na Nova Zelândia
Quando terminou o curso de ciências da computação na PUC-RS, em 2007, Rafael Audy Glanzner, de 23 anos, queria ter uma experiência profissional fora do Brasil. Ele atualizou seu currículo, destacando as certificações, e preparou uma versão em inglês. “Minha professora de inglês fez uma boa revisão e deu sugestões”, diz. Ele enviou o currículo à Aiesec, organização estudantil internacional, que o direcionou para uma entrevista com a Tegel Food, da Nova Zelândia. “Fiz duas entrevistas em inglês via Skype. Fui para lá com contrato de um ano para trabalhar em desenvolvimento de software”, diz Glanzner.
Fonte:
Revista INFO Exame, Ed. Outubro de 2010, pág. 82-83.